Desde o ano passado, o Multishow vem fazendo uma revolução em sua grade. Inúmeros programas saíram do ar em favor de produções em geral ligadas ao universo adolescente, ou pós-adolescente. Olhando para o todo, o resultado ainda é bem irregular, com atrações em que é possível reconhecer o baixo orçamento no primeiro minuto. Não que a simplicidade seja um demérito, mas sacrificar a ambição artística é.
Nesta mistura ainda indefinida — e que por isso também pode ser considerada promissora — “Batom e Parafina” é uma boa surpresa. Trata-se de um reality estrelado por Claudinha Gonçalves, estudante de Jornalismo, modelo e surfista profissional. O fato de a personagem central ser multifuncional já é uma vantagem. Quase todas as meninas da idade dela de classe média e bom nível de educação praticam algum esporte, estudam e/ou têm alguma atividade profissional, ou fazem algum bico. Portanto, Claudinha resume em alguma medida seu público alvo.
No último episódio, ela se preparava para viajar para a Califórnia, onde surfaria. O programa acompanhou os preparativos práticos: telefonema para negociar o preço da passagem; a arrumação da mala, com a ajuda da mãe etc. E a aflição mais subjetiva: Claudinha falando para a câmera sobre seus medos, suas expectativas no campeonato etc. Personagens laterais ajudam a compor o perfil da protagonista, como a família dela (mãe, avó) e o namorado.
“Batom e Parafina” é simpático, despretensioso e sem afetação. Não é falso-jovem nem falso-moderno, como muitos programas que se perdem nessa crença de que descobriram a pólvora. Sua principal qualidade é a também a mais importante: trata de uma personagem que de fato tem algo a mostrar para este público que o Multishow parece estar buscando.
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