domingo, abril 25, 2010

TV Paga: “Superbonita transforma” perdeu o brilho

Gianne Carvalho

Acompanho o “Superbonita” desde que era apresentado por Daniela Escobar. O programa, muito bem-feito e sem pretensões, conseguia falar das maiores futilidades com autoridade e elegância, associando temas trepidantes (pelo menos para a maioria das mulheres) como celulite, rugas e sardas a bom serviço e informação sobre saúde. Nestes dez anos no ar, o semanal também foi apresentado por Taís Araújo. Ela assumiu a atração na melhor fase, e sua atuação ali foi perfeita, com resultado orgânico. Uma das maiores qualidades da produção era um sábio equilíbrio entre mulheres comuns e celebridades. Tinha gente como a gente, mas sem perder o brilho jamais.

Tudo isso se desfez com a estreia do “Superbonita transforma”, no fim de março. Alice Braga é dona de uma carreira bem-encaminhada nos EUA e ótima atriz. Porém, como apresentadora é distante e artificial. Funciona como uma chancela de glamour ao programa — mas isso só serve, claro, ao espectador que acredita nesse truque. No mais, quem quer saber se a operadora de turismo Paula Britto teve tanto problema de acne na adolescência que até à academia ela vai maquiada? Pior: que telespectador fica capturado, bloco após bloco, para ver como a moça ficou depois de passar por uma clínica dermatológica, maquiagem, cabeleireiro etc? “Superbonita transforma” poderia se chamar “Superbonita se transforma para pior”. A atração, agora (mais) uma versão tupiniquim dos americanos makeovers, atua no ramo dos conselhos para quem quer virar Cinderela. Ficou desinteressante.
Sei não. Saudade do antigo formato. Tomara que “Superbonita transforma” seja também “Superbonita em obras”. E que um dia volte a ter o antigo brilho.

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