Desde que a produção do Programa do Ratinho divulgou que entrevistaria com exclusividade o ex-ator Guilherme de Pádua começou uma série de protestos sem fim pela internet, orquestrada principalmente pela trupe dos famosos da Rede Globo que frequentam o twitter e adoram tecer comentários sobre todos os outros programas, que não os seus.
Para quem não se lembra, Guilherme de Pádua foi condenado na década de 90 pelo assassinato da atriz Daniela Perez, filha da autora Glória Perez. O crime na época chocou o país devido aos requintes de crueldade como ele e sua esposa deram cabo com a vida da jovem e promissora atriz.
Atualmente, Pádua já cumpriu sua pena, vive em liberdade, reconstituiu sua família, casando-se novamente e vive em Belo Horizonte. O convite do Programa do Ratinho certamente foi aceito por ele após uma série de negociações que devem incluir não ser achincalhado em público.
A Campanha contra o apresentador Ratinho incluem diversos protestos que se justifica sob a alegação de “não dar voz a um assassino”, como colocou Glória Perez em seu twitter, sendo apoiada por diversas celebridades. O que estas celebridades não explicaram é porque não houve tamanhos protestos quando a Rede Globo – que a maioria é funcionária – exibiu uma extensa reportagem e entrevista com Suzane von Richthofen, no Fantástico. O crime de Guilherme de Pádua é, de alguma forma, mais grave que o de Suzane por ele ter matado uma famosa?
Discutir se uma entrevista agora, anos depois do ocorrido, é importante ou não, é super válida. Mas é impossível determinar a importância da entrevista antes que ela tenha ido ao ar. Há prismas interessantes que podem ser abordados numa entrevista com uma pessoa como Guilherme de Pádua que, publicamente arrependido, tenta reconstruir sua vida diante duma sociedade que não perdoa.
O ponto da discussão não é se o que ele fez é certo ou errado. Todos sabemos que foi um crime grave, porém, ele já cumpriu sua pena diante da justiça e tem o mesmo direito que qualquer pessoa de fazer seja o que for. Pode ser duro de ouvir isso, mas é a verdade, Guilherme de Pádua não é um fugitivo da polícia, não representa perigo para a sociedade e, portanto, não há mal algum, jornalisticamente falando, em ouvi-lo.
O que temos visto nas Redes de Relacionamento é um protesto infundado e um pré-julgamento de como será a entrevista, como fez o autor Walcyr Carrasco, já decidindo que a entrevista será sensacionalista, antes mesmo dela ir ao ar. A posição de Glória Perez de não querer ver o assunto a tona novamente é perfeitamente válida, mas não justifica tamanho burburinho que vem ocorrendo por algo tão corriqueiro entre jornalistas.
Na prática, essa onda de protestos e falácias dos famosos se dá porque o crime ocorreu com uma colega deles. Não é uma posição social ser contra entrevistas com criminosos, se fosse, a trupe já teria protestado em outras ocasiões. Ou seja, puro protecionismo de classe visando o próprio umbigo. Comente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário