sexta-feira, abril 09, 2010

A Vida Alheia: uma sucessão de equívocos

 
Ares de super produção, grandes nomes no elenco e aposta no formato que vem fazendo sucesso nos EUA, a dramédia. Tudo para dar certo e mesmo assim a estréia de A Vida Alheia, exibido nesta quinta-feira, 08, foi deprimente, graças a uma sucessão de erros que certamente é culpa de todos os envolvidos.
A série é uma aposta da Rede Globo e mostra o dia a dia da redação de uma revista de fofocas e seus meandros para conseguir escândalos com os famosos e transformá-los em notícias que interessem ao grande público. Escrita por Miguel Falabella, o episódio piloto foi responsável por uma série de equívocos.
A começar pelo próprio roteiro, Miguel Falabella parece não conseguir mais acertar a mão. 
 
Mesmo em 2009, na última temporada de Toma lá, dá cá, o autor já vinha se perdendo. As idéias de roteiro para cada episódio eram muito boas, mas o desenvolvimento da história era muito superficial. A Vida Alheia apresentou o mesmo problema, uma história que parece interessante e que poderia se tornar um marco de produções no país, mas o erro na condução dos acontecimentos atrapalhou bastante a história. Mal desenvolvido, o roteiro não foi apenas superficial, como não teve nenhum gancho interessante e nada que prendesse a atenção do público, além de diálogos que, em alguns momentos, davam vergonha alheia.
Outro ponto baixo desta estréia foi o figurino. Na tentativa de inspirar o glamour do mundo das celebridades, a direção de figurino cometeu diversos equívocos ao escolher as roupas para cada personagem. Roupas irreais e que em nada se aproximam da realidade das celebridades e muito menos dos empresários brasileiros, o que se viu foram roupas e maquiagens exagerados que funcionariam apenas numa série de humor pastelão.
 
Mas ainda assim, o maior equívoco se deu nas personagens. Ninguém entre todo o elenco foi capaz de cativar o público. Algumas personagens podem vir a tornar-se interessantes, como é o caso de Alberta Peçanha (Cláudia Gimenez) que tinha tudo para engrenar, mas não funcionou devido a péssima composição da atriz. Gimenez pecou ao pensar que sua personagem, por ser uma mulher implacável, devia ser apenas ranzinza. Claramente inspirada em Meryl Streep no filme O Diabo Veste Prada, a atriz não conseguiu colocar nenhuma das emoções que Meryl impôs a sua personagem no filme, tornando Alberta vazia e sem graça.
Marília Pêra foi outro equívoco do episódio. Dona da revista, a personagem Catarina Faissol é mais política, tenta sempre ficar bem entre as celebridades, mas não é menos implacável que sua editora. Porém, Marília cometeu o erro de criar uma personagem que, para ser política, está sempre sorrindo. Em todas as situações, em todas as falas, a personagem aparecia sorrindo, como se tivesse visto o passarinho verde.
Mesmo tendo duas feras da arte de interpretar no elenco, o destaque positivo ficou por conta de Danielle Winitz. Interpretando uma jornalista que quer subir dentro da revista a todo custo, ela foi muito bem, soube compor a personagem sem parecer exagerada e fugindo dos clichês, apesar de seu texto ser entre todos, o mais fraco.
 
Ainda assim, há esperança para A Vida Alheia porque a principal aposta da série é boa. Mostrar o mundo dos paparazzi, a produção mostra – evidentemente de forma escrachada – jornalistas que fazem tudo para conseguir um furo, com ou sem ética, isso é um mero detalhe. E, seguindo essa toada, e acertando os equívocos – que foram muitos – do episódio de estréia, a série pode melhorar.

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