sábado, abril 24, 2010

Viver a Vida criou um novo modelo para a TV: a anti-novela

Em 14 de setembro de 2009 entrava no ar mais uma novela do principal horário da Rede Globo. Escrita pelo consagrado autor Manoel Carlos, Viver a Vida vinha com o objetivo de recuperar a média de audiência do horário, já que a antecessora, Caminho das Índias fechou sua média geral com apenas 39 pontos. Porém, mesmo antes da estréia, este blog já dizia que o folhetim seria um fiasco. E foi.
Ainda falta um mês para a novela acabar, é bem verdade, mas no sentido literal apenas, porque no conceito do telespectador e da crítica, Viver a Vida já acabou faz tempo. Para os que acreditaram que Manoel Carlos pudesse fazer um bom trabalho e deram uma chance à trama, ela acabou em uma semana, no máximo dez dias, quando o público desistiu ao perceber que não havia história, não haviam personagens que cativassem alguém, não haviam tramas e sub-tramas, não haviam vilanias. Não havia absolutamente nada.
Todo autor, aliás, todo profissional em determinado momento de sua carreira comete um erro, isso é normal. Portanto, todo novelista, ou quase, tem em seu currículo algum trabalho abaixo da média e que recebeu críticas, mesmo assim nada se compara a Viver a Vida. Novelas ruins e que foram muito criticadas, inclusive neste espaço, como Caminho das Índias, ao menos tinham uma história, boa ou ruim, mas tinha algo para acontecer, tinha uma linha narrativa, tinha ganchos, ou seja, era uma novela.

Em Viver a Vida, o autor, ao que parece, tentou criar um novo modelo de se fazer novelas na TV brasileira e mundial. Juntar uma série de personagens que se conhecem de alguma forma e deixá-los viver o cotidiano, como se eles fossem reais. De longe, esta definição parece mesmo a de um folhetim, mas nem está perto disso. Pelo simples fato de que as personagens criadas não são interessantes. São pessoas que não têm uma história que faça alguém ter interesse por elas. Na trama todo mundo acorda, toma café, sai com os amigos, ri um pouco, volta pra casa, janta e vai dormir. Não há história, não há ganchos, não há expectativa, não há nada. A trama das 8 global pode ser chamada sem nenhum medo de errar de anti-novela.

A única história que em determinado momento aconteceu foi a de Luciana (Alinne Moraes). Seu acidente, sua tetraplegia em algum momento perdido da trama chamaram a atenção. Mas novamente, sem condução de roteiro, a história se perdeu e virou boboca, sem importância só mostrando cotidiano e cotidiano.
Setembro parece um mês tão distante. Parece que faz anos a estréia da novela mais modorrenta da história da TV Globo. Mas há esperança, mesmo sabendo que os dias continuarão se arrastando, está acabando. Em 14 de Maio chega ao fim Viver a Vida e, ao que parece, voltaremos a ter uma novela de verdade no horário nobre. Enquanto isso, vamos aproveitar esses dias para dormir mais cedo.

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