segunda-feira, abril 26, 2010

Escrito nas Estrelas peca, mas tem potencial para ser uma boa novela

 
Com duas semanas no ar já é possível fazer um balanço da trama do horário das 6 da Rede Globo, Escrito nas Estrelas, de Elizabeth Jhin. Trama esta que chamou a atenção principalmente pelo seu caprichado primeiro capítulo, com um ritmo acelerado, sem grandes apresentações de personagens e sem cenas desnecessárias, conquistou o público pelo cuidado e pela aparente história forte.
Porém, a partir daí, a novela não manteve a mesma força. A cada capítulo houve quebra de ritmo e começaram a aparecer os problemas freqüentes em um folhetim apenas razoável. Um dos pontos baixos desta história é que as sub-tramas não convencem. São histórias superficiais, com personagens que até o momento não disseram o motivo de participarem de uma novela e isto é muito ruim.
Outro ponto negativo de Escrito nas Estrelas são as cenas longas. Normalmente, uma trama de qualidade necessita de cenas curtas, diálogos rápidos e acontecimentos intensos, pois assim ficam na memória do telespectador que acaba por aguardar novos momentos semelhantes, exatamente como ocorreu no capítulo de estréia. As cenas longas que têm ocorrido por diversas vezes ao longo dos capítulos exibidos normalmente vem carregados de didatismo desnecessários, irritantes e que somente tem o poder de entediar e afastar o telespectador. Uma cena assim foi emblemática, um diálogo entre os médicos que durou cerca de 02 minutos, apenas falando de um problema da gravidez de uma paciente e usando uns 10 nomes técnicos. Desnecessário e irritante.

Mesmo diante destes problemas, o folhetim chama a atenção pelo seu núcleo principal. Uma história forte, que chama a atenção e prende o telespectador do primeiro ao último minuto. Muito disso se deve a excelente composição de duas personagens. A protagonista Viviane, vivida por Natáli Dill que, apesar de ter exagerado no tom nos primeiros capítulos, vem melhorando muito e se tornando dona da história, sabendo mostrar a força da protagonista sem parecer exagera, o que é motivo de elogio, pois Viviane não é fácil de se interpretar por ter diversos meandros complicados e complexos. Mas o grande nome e que tem carregado a novela até o momento atende por Alexandre Nero. Interpretando o impiedoso Gilmar, o ator compôs sua personagem com rara felicidade e soube como poucos tornar o vilão interessante. Ele é ao mesmo tempo grosso, manipulador, charlatão e insuportável, mas também é cínico, bem educado, prestativo, enfim, tudo que um bom vilão precisa ter.
O principal ponto negativo da trama de Elizabeth Jhin se trata justamente das situações em que a dramaturgia cede espaço às crenças religiosas. Não se pode discutir a veracidade da vida após a morte e da tentativa de espíritos voltarem a Terra para ajudar seus entes queridos, porém, definitivamente se existe um Paraíso, ele não é como o que vemos em Escrito nas Estrelas. Um lugar estranho, que lembra muito mais uma plantação de cana-de-açúcar, com um brilho irritante para o telespectador faz parte da composição mal produzida do cenário. Incomoda também o diálogo entre as personagens deste “universo paralelo”, o texto entoado pelos mortos e anjos beiram o ridículo, em alguns momentos soa falso até mesmo para uma criança de 04 anos e isto sim é um problema grave, já que boa parte da história gira em torno justamente desta crença e destes diálogos.

Com alguns pequenos problemas, algumas situações elogiáveis e um problema grave, assim Escrito nas Estrelas – com 12 capítulos de exibição – não mostrou a mesma força de sua antecessora, Cama de Gato, mas continua mostrando que tem potencial para ser uma boa novela, por enquanto, apenas potencial.

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